Especificar a origem do
Congado é muito complexo, são várias lendas acerca do assunto. Pesquisadores,
amantes do folclore se debruçaram em acervos de biblioteca a procura de
documentos que retratassem a origem do Congado, devido a poucas fontes
escritas, eles conseguiram mais informações através de depoimentos de pessoas
que viveram naquela época. O Congado sendo uma manifestação ligada à dança dos
escravos seria alvo de discriminação numa época de imprensa colonialista, que
não valorizava o folclore. No entanto várias lendas servem de ligação para
contar a sua origem.
O Congado também conhecido como Congada ou
Congo é uma manifestação cultural e religiosa, que envolve danças, cantos,
levantamentos de mastros, coroações e cavalgadas na festa do Rosário. São
utilizados instrumentos musicais como cuíca, pandeiro e reco-reco. Os
congadeiros vão atrás da cavalgada seguindo com uma bandeira de Nossa Senhora
do Rosário. Mistura cultos católicos com africanos, é uma manifestação que
relembra a época da escravidão no Brasil.
É feito por Rei e
Rainha congos que foram eleitos, em destaque no cortejo, na frente vem o
Bandeireiro que conduz a bandeira do santo homenageado.Os Congados vem atrás da corte, comandados por seu
Capitão , que tem a tarefa de puxar o
canto, sinalizar o início e término das músicas por meio de um apito.
A dança do Congado é
feito em um ritmo acelerado,com cruzamento de pernas e pés em um movimento
marcante. O vestuário do Congado é basicamente composto por: calça, camisa e
tênis branco, fitas de cetim coloridas, no chapéu, nas roupas e instrumentos.
Cada grupo de Congado cria seu próprio adereço,é o que diferencia, geralmente
estes adereços trazem as cores da bandeira do santo homenageado pelo grupo.
Este cortejo feito nas
ruas atrai milhares de pessoas, devido a alegria, a música , o colorido do
Congado e a expressão de fé demonstrada nesta manifestação folclórica. Batuques de tambores, roupas
coloridas, se misturam com a religiosidade de São João Del Rei,
tradicionalmente conhecida como a cidade dos sinos, agora tem em suas festas
religiosas a participação do Congado.
Em São João Del Rei não
se sabe certo quando começaram os congados,segundo o folclorista Ulisses
Passarelli historicamente eles eram vinculados a Irmandade do Rosário, naquela
época se chamava Irmandade do Rosário São Benedito dos homens Pretos. Nos
meados do século XX, eles foram se enfraquecendo, se desligaram da Irmandade do
Rosário e se refugiaram nas periferias da cidade, nos bairros Tijuco, São
Geraldo e São Dimas.
Em 1998 com o resgate
da festa do Divino em Matosinhos, começou a surgir à efervescência dos Congados,
criou-se uma expectativa em torno da volta e resgate desta manifestação
folclórica e cultural. Na época foi feita uma comissão para viabilizar o
projeto e apesar de poucos recursos, a festa aconteceu com grande êxito, com
missa Inculturada, que inclui a participação de grupos de congados, Moçambique,
sanfoneiros, capoeiristas, o cortejo pelas ruas do bairro, com procissões
acompanhadas por estes grupos, uma intensa participação popular, tudo se
convergindo em um culto ecumênico, que é o ponto alto da festa. Com isso a
festa do Divino a cada ano que acontece aumenta não só o número de fiéis, como
também a maior participação dos grupos de Congado da região. Em São João Del
Rei é a festa mais folclórica da cidade que consegue reunir milhares de pessoas
no bairro de Matosinhos.
Desde então as festas
religiosas da cidade de São João Del Rei, como a festa de Santo Antônio, Nossa
Senhora do Rosário do bairro São Dimas, a de
São Sebastião da cidade de Santa Cruz de Minas e outras, principalmente
nas paróquias dos bairros da periferia, congado sempre está presente com
entusiasmo e a forte expressão de fé, por meio de cantos, batuques e muita
alegria. Atualmente a cidade
possui quatro grupos de congados: um no Solar da Serra, um em Matosinhos e dois
no São Dimas. Estes grupos lutam para manter viva essa cultura.
Texto: Marília Cunha.
Fonte:
www.folclorevertentes.blogspot.com.br
Fotos: Marília Cunha.
Agradecimento ao
folclorista Ulisses Passarelli.
Nenhum comentário:
Postar um comentário