sábado, 17 de maio de 2014

CONGADO: LENDAS, HISTÓRIAS

Especificar a origem do Congado é muito complexo, são várias lendas acerca do assunto. Pesquisadores, amantes do folclore se debruçaram em acervos de biblioteca a procura de documentos que retratassem a origem do Congado, devido a poucas fontes escritas, eles conseguiram mais informações através de depoimentos de pessoas que viveram naquela época. O Congado sendo uma manifestação ligada à dança dos escravos seria alvo de discriminação numa época de imprensa colonialista, que não valorizava o folclore. No entanto várias lendas servem de ligação para contar a sua origem.

 O Congado também conhecido como Congada ou Congo é uma manifestação cultural e religiosa, que envolve danças, cantos, levantamentos de mastros, coroações e cavalgadas na festa do Rosário. São utilizados instrumentos musicais como cuíca, pandeiro e reco-reco. Os congadeiros vão atrás da cavalgada seguindo com uma bandeira de Nossa Senhora do Rosário. Mistura cultos católicos com africanos, é uma manifestação que relembra a época da escravidão no Brasil.


É feito por Rei e Rainha congos que foram eleitos, em destaque no cortejo, na frente vem o Bandeireiro que conduz a bandeira do santo homenageado.Os Congados  vem atrás da corte, comandados por seu Capitão , que tem a tarefa  de puxar o canto, sinalizar o início e término das músicas por meio de um apito.

A dança do Congado é feito em um ritmo acelerado,com cruzamento de pernas e pés em um movimento marcante. O vestuário do Congado é basicamente composto por: calça, camisa e tênis branco, fitas de cetim coloridas, no chapéu, nas roupas e instrumentos. Cada grupo de Congado cria seu próprio adereço,é o que diferencia, geralmente estes adereços trazem as cores da bandeira do santo homenageado pelo grupo.

Este cortejo feito nas ruas atrai milhares de pessoas, devido a alegria, a música , o colorido do Congado e a expressão de fé demonstrada nesta manifestação  folclórica. Batuques de tambores, roupas coloridas, se misturam com a religiosidade de São João Del Rei, tradicionalmente conhecida como a cidade dos sinos, agora tem em suas festas religiosas a participação do Congado.

Em São João Del Rei não se sabe certo quando começaram os congados,segundo o folclorista Ulisses Passarelli historicamente eles eram vinculados a Irmandade do Rosário, naquela época se chamava Irmandade do Rosário São Benedito dos homens Pretos. Nos meados do século XX, eles foram se enfraquecendo, se desligaram da Irmandade do Rosário e se refugiaram nas periferias da cidade, nos bairros Tijuco, São Geraldo e São Dimas.

Em 1998 com o resgate da festa do Divino em Matosinhos, começou a surgir à efervescência dos Congados, criou-se uma expectativa em torno da volta e resgate desta manifestação folclórica e cultural. Na época foi feita uma comissão para viabilizar o projeto e apesar de poucos recursos, a festa aconteceu com grande êxito, com missa Inculturada, que inclui a participação de grupos de congados, Moçambique, sanfoneiros, capoeiristas, o cortejo pelas ruas do bairro, com procissões acompanhadas por estes grupos, uma intensa participação popular, tudo se convergindo em um culto ecumênico, que é o ponto alto da festa. Com isso a festa do Divino a cada ano que acontece aumenta não só o número de fiéis, como também a maior participação dos grupos de Congado da região. Em São João Del Rei é a festa mais folclórica da cidade que consegue reunir milhares de pessoas no bairro de Matosinhos.

Desde então as festas religiosas da cidade de São João Del Rei, como a festa de Santo Antônio, Nossa Senhora do Rosário do bairro São Dimas, a de  São Sebastião da cidade de Santa Cruz de Minas e outras, principalmente nas paróquias dos bairros da periferia, congado sempre está presente com entusiasmo e a forte expressão de fé, por meio de cantos, batuques e muita alegria. Atualmente a cidade possui quatro grupos de congados: um no Solar da Serra, um em Matosinhos e dois no São Dimas. Estes grupos lutam para manter viva essa cultura.                        

Texto: Marília Cunha.
Fonte: www.folclorevertentes.blogspot.com.br
Fotos: Marília Cunha.

Agradecimento ao folclorista Ulisses Passarelli.

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