sábado, 14 de junho de 2014

SINOS DE SÃO JOÃO DEL - REI

Não é à toa que São João del-Rei é chamada de "Terra onde os sinos falam" pois é a única cidade no Brasil onde os sinos ainda são ouvidos de dia e de noite com tantas variedades de toques. Muitos desses toques vieram de Portugal trazidos pelos colonos. Em 1740 foi trazido um toque do vaticano criado pelo Papa Bento XIV e colocado em vigor pelo Bispo de Mariana em 1757, o toque que relembra a morte do Senhor, toque ainda executado nos dias de hoje. Muitos outros toques foram criados pelos próprios sineiros, uma tradição passada de pai para filho. É certo que a falta de rádio, televisão, telefone e outros sistemas de comunicação rápida foram os principais elementos para a criação da linguagem dos sinos de São João del-Rei e de todas as outras cidades do mundo que usaram ou ainda usam este "meio de comunicação".
Cada sino tem um nome, uma história, um som. Existem variadas modalidades de toques: Dobre Simples ocorre quando o sino cai pelo lado em que está encostado o badalo, ocasionando uma só pancada em cada movimento; Dobre Duplo quando o sino cai pelo lado contrário ao que está encostado o badalo provocando duas pancadas em cada movimento; Repiques são o movimento feito somente pelo bater dos badalos, com o sino parado.

A Linguagem dos Sinos
1 - Aviso de Missas
- meia hora antes da hora marcada para a celebração e quinze minutos também, é dado o toque no sino pequeno, em pancadas seguidas (18 ou mais). No final do toque de entrada, as pancadas espaçadas indicam quem será o celebrante:
3 pancadas - o coadjutor
4 pancadas - o vigário
5 pancadas - o bispo
7 pancadas - o arcebispo metropolitano


- se a missa for festiva, repique depois da entrada e, no final, a indicação do celebrante. Se houver sermão em missa cantada, há dobre do sino grande. - na hora da Consagração, uma pancada em cada sino. - na hora da elevação, depois da Consagração, repique ligeiro - no final da missa, repique - havendo Bênção do Santíssimo, em qualquer situação, haverá repique no meio do "Tantum-Ergo" e reique ligeiro e baixo durante a bênção.

2 - Novenas e Mês de Maio
- repiques às 12:00 h, 15:00 h e 18:00 h. Terminado o ato, repique e depois o toque de "Almas" no sino grande (9 pancadas espaçadas).

3 - Chamadas de Irmãos
- para enterros ou procissões: 18 pancadas ou mais no sino grande - para eleições ou definitórios: 9 pancadas no sino grande, 1 hora, 30 minutos e 15 minutos antes do horário estabelecido.

4 - Festa em Homenagem aos Santos
- na véspera da festa de um santo que vai ser homenageado repique às 20:00 horas, no sino grande, com dobre na igreja onde vai ser realizada a festa.

5 - Finados
- na véspera de "finados", às 12:00 e 20:00 horas, dobre de defuntos (1 pancada em todos os sinos) - no dia de "finados", dobre de duas pancadas na hora da celebração da Missa - às 12:00, 15:00 e 18:00 horas dobres em todas as igrejas - nas vésperas de aniversários dos mortos de cada Ordem ou Irmandade, haverá dobre de defuntos (2 pancadas) às 20:00 horas. - na hora da Missa e do Liberta-me, haverá dobre.

6 - Enterro de Irmãos 
homens: 3 dobres e 1 pancada
mulheres: 2 dobres e 1 pancada
crianças (menos de 7 anos): repique festivo na hora do enterro
se o homem foi mesário, dobre na hora em que se tomou conhecimento do falecimento e na hora do enterro (3 dobres e 2 pancadas)
se a mulher foi mesária, dobre na hora em que ser tomou conhecimento do falecimento e na hora do enterro (2 dobres e 2 pancadas)
se o irmão prestou grandes serviços à Ordem ou Irmandade, dobres até de hora em hora, a critério da Mesa
falecimento do Papa: dobre de hora em hora em todas as igrejas
falecimento do Bispo: dobre de 3 em 3 horas
falecimento do Vigário: dobre de 4 em 4 horas
falecimento do Padre: 5 dobres
NOTA: os dobres de Papa, Bispo, Vigário e Padre são feitos em sentido contrário, ou seja, começam pelo sino grande, seguem pelo médio e terminam no pequeno.

7 - Agonia
- no sino da Ordem ou Irmandade onde o moribundo é irmão 9 pancadas no sino médio, bem espaçadas, de 15 em 15 minutos (não se usa mais este toque hoje em dia).

8 - Incêndio
- rebate-pancadas no sino grande, seguido do médio, ligeiras com pequenos intervalos.

9 - Natal
- dia 24, às 22:00 h, dobres. Às 23:00 e 23:30, "Entrada" Finda a Missa, repique.

10 - Passagem de Ano
- havendo missa, obedece às mesmas disposições do dia de Natal.

11 - Quaresma
- na igreja onde houver "via-sacra", dobre às 15:00 e 18:00 horas, 1 pancada no sino médio - durante a "via-sacra", uma pancada no sino médio cada vez que mudar de estação - na décima estação, três dobres, indicando a morte de Cristo.

12 - Festa de Passos
Até as igrejas mais pobres têm sinos
- na sexta-feira das Dores, às 5:15 h, matinas (9 pancadas nos sinos grandes dos Passos e do Carmo, seguidos de dobres); ao meio-dia, 15:00 e 18:00 horas e na hora da procissão, dobre; no momento em que a imagem sai da igreja, o sino dobra mais rapidamente - no sábado de "Passos", repetem-se os dobres, porém os sinos de São Francisco substituem os do Carmo que ficam em silêncio. - no domingo do "Encontro" repete-se tudo nas três igrejas (Pilar, Carmo e São Francisco) - ao meio dia, dobre nas três igrejas; às 16:30, toque de chamada de irmãos para a procissão das 17:00 h; na saída da procissão, dobres nas igrejas do Carmo e São Francisco; - quando a procissão de N. S. dos Passos atinge o "passo" da Rua da Prata, os dobres param. Terminado o Ato (Responsório e Moteto), naquele "Passo", reiniciam os dobres até que o cortejo atinja a Ponte do Rosário, descaindo; volta a dobrar, ao passar pela igreja do Rosário, até o "Passo" daquela praça; terminado o ato, dobres até atingir a Catedral. Nesse ponto, entram os sinos dos Passos e Sacramento, que tocam até a procissão passar ao lado da Catedral. Ao atingir a Praça Barão de Itambé, entra o sino das Mercês, que toca até a chegada ao "Passo" daquela praça. Terminado o sermão do "Encontro", toca novamente até o cortejo chegar ao Largo da Cruz, entra em funcionamento o sino do Carmo até que a procissão atinja o "Passo" da Av. Getúlio Vargas (antiga rua Direita). Terminando o ato ali, toca novamente até a proximidades do sobradão de Da. Améila Ferreira, quando descai, para entrada dos Passos e Sacramento, até a entrada da procissão.

13 - Semana Santa
- na quinta feira santa, depois do Glória da Missa de Instituição da Eucaristia até o Glória da Ressurreição, nenhum sino toca, seja qual for o motivo. Na Ressurreição tocam todos os sinos de todas as igrejas (toques festivos).

14 - Festa da Boa Morte
- ao final da novena do dia 13 de agosto, toque de matinas do Trânsito de Nossa Senhora (repiques: SENHORA É MORTA). Esse repique é usado até no Glória de quinze de agosto (Assunção de Nossa Senhora) com repiques em todos os sinos da Catedral.

15 - Toque de Parto
- 9 pancadas espaçadas no sino das Mercês, de ½ em ½ hora, até o delivrance (este toque não é mais usado atualmente).

16 - Angelus
- 9 pancadas no sino do Sacramento, às 18:00 h diariamente.

17 - Almas
- 9 pancadas no sino das Almas, às 20:00 h diariamente.

18 - Ave Maria
- 9 pancadas no sino das Almas às 21:00 h, espaçadamente.
NOTA: da Ressurreição até o Corpus Christi, os toques de Angelus, Almas e Ave Maria, serão dados nos sinos do Sacramento (pequeno e grande), com os dois badalos de uma só vez, naqueles horários.

19 - Chamada de Sineiro e Sacristão
- 3 pancadas no sino pequeno, espaçadas, diversas vezes até ser atendido (este toque já esta em desuso).

20 - Relembrando a Morte do Senhor
- dobre no sino dos Passos às 15:00 h todas as sextas feiras, é o toque que nos faz lembrar da morte de Jesus. 

FONTE: http://www.sjdr.com.br/historia/igrejas_monumentos/sinos/indice.html

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